O que eu aprendi com a faculdade de engenharia

Eu estou entrando em reta final do meu curso de Engenharia e gostaria de falar um pouco da minha frustração com a faculdade. Vamos lá?

Eu comecei a estudar com 3 anos de idade e fui passando por todas as etapas de aprendizagem no sistema de ensino brasileiro até concluir meu Ensino Médio aos 18 anos sem nem ao menos saber criar um carrinho de controle remoto. Você acredita nisso? Em 2011, quando concluí meu ensino médio eu não tinha aprendido nada sobre tecnologia, sobre negociação, sobre administração, sobre criatividade, sobre inovação, sobre empreendedorismo... NADA DISSO! Eles me ensinaram as mesmas coisas que meus avós haviam aprendido na escola no tempo deles. Não é maluco isso? Você acredita que pra explicar as leis da física eles usavam exemplos como pêndulos usados em 1600. Mas agora estava formado e resolvi me matricular em cursos técnicos para poder começar a trabalhar.

Cursei Técnico em Edificações, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Transações Imobiliárias, Técnico em Informática, Técnico em Mecânica de Aeronaves... comecei a fazer também um monte de cursos livres e foi um período incrível. Os cursos tinham duração máxima de até 2 anos, mas eram muito objetivos. Aprendi coisas que realmente eram muito úteis em suas respectivas áreas com os técnicos, e com os cursos livres aprendi tudo que eu julgava ser necessário para um profissional. Mas “NEM SÓ DE CURSO TÉCNICO VIVE O HOMEM” e finalmente me matriculei na faculdade de Engenharia! Seriam 5 anos de estudo, mas imagina só? Eu seria finalmente um ENGENHEIRO!!! Que irado!! Imagina só o que eu poderia fazer?! Quando eu saísse da faculdade eu já saberia montar um submarino, ou uma bomba nuclear, ou um robô do Star Wars, ou uma estação espacial, ou tudo isso junto... faculdade realmente deveria ser um lugar in-crí-vel! Mas digamos que não foi bem como esperava.

Os primeiros 4 semestres da faculdade vimos o que eles chamam de “engenharia geral” que na verdade é um conteúdo bem amplo de matérias que envolvem cálculo, física, química, lógica, programação e normativos para nos preparar para as específicas. Onde veremos mais cálculo, física, química, lógica e normativos bem amplos que se você estudasse em 1970, 1980, 1990, 2000, 2010 ou 2017 você não veria a menor diferença. Você acredita que eu estudei por 3 semestres uma matéria chamada “Calculo Estrutural” onde a gente aprende a fazer o cálculo de uma simples laje usando mais de 20 folhas de caderno, o que hoje na prática é feito em um programa que nós nem sequer temos o contado na faculdade.

Olha que eu ainda tenho muita sorte das instituições que passei me darem disciplinas como lógica de programação, onde aprendemos a criar programas para computador e disciplinas em AutoCAD para construção. Mas isso é raridade em pleno ano 2017!

Você tem noção do quanto o ensino superior está defasado em relação ao mercado atual? Será que ninguém se incomoda em aprender na faculdade a mesma coisa que seus pais aprenderam a 20, 30, 40 anos atrás? Você acredita que tem professor que nem ao menos admite o uso de calculadora nas provas? C A L C U L A D O R A ! ! !

Se eu tivesse parado de fazer cursos livres durante meu período de graduação eu iria me formar pronto para trabalhar como engenheiro de 1980. É triste saber que o ensino superior é isso, que é só isso. Enquanto crianças na Alemanha de 12 anos criam disputas de robôs no colégio, ou que crianças de 6 anos aprendem programação na China, aqui no Brasil um engenheiro formado não sabe nem ao menos mexer em um software de engenharia.

Não me entendam mal. Um engenheiro precisa saber executar cálculos complexos e aplicações de física, mas isso não é o bastante. Uma graduação deveria ser a conclusão da faze preparatória para entrar no mercado de trabalho, deveria ser um diploma dizendo “ESSA PESSOA AGORA É UM PROFISSIONAL HABILITADO E QUALIFICADO PARA RESOLVER QUALQUER PROBLEMA QUE UM ENGENHEIRO PODE RESOLVER”, mas na verdade é só mais um diploma que diz que você pode prestar concurso público para nível superior e que manja dos cálculos.


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