Avalie os prós e contras de não menstruar


Menstruar ou não, eis a questão. Confira as vantagens e desvantagens antes de decidir se quer interromper de vez a sua menstruação




Profissionais dizem os benefícios e os problemas de parar de menstruar

Se assim como eu, você sofre todo mês com aquela TPM absurdamente forte, alterações de humor que extrapolam os limites de tolerância de qualquer pessoa, e se pergunta "o por que de tanto sangue?", e já pensou inclusive em acabar de vez com esse "pesadelo vermelho", não deixe de ler essa matéria que eu trouxe para o HCC a fim de esclarecer dúvidas a respeito desse assunto que todas nós, mulheres temos. Afinal de contas, menstruar não é nenhum pouco confortável, e  definitivamente aquelas propagandas ridículas de absorventes com mulheres felizes e belas nos dias de tortura não  passam de um marketing muito mal feito. 
Será que vale a pena embarcar nessa empreitada? O endocrinologista baiano Elsimar Coutinho garante que sim. "A supressão da ovulação e da menstruação mantém afastadas a anemia, aTPM, as cólicas, a cefaléia, a queda de cabelo, as variações de humor e o sexo doloroso", enumera. "Além disso, diminui a incidência de cânceres de mama, útero, ovários e, ainda, doenças que provocam infertilidade, como a endometriose e a miomatose", acrescenta.
Estudioso do tema há 40 anos, o especialista acaba de lançar Vivendo sem Regras e sem TPM (Landscape), em que relata os motivos para 90 mulheres decidirem parar de menstruar e como cada uma reagiu ao tratamento. Annete, de 43 anos, é uma delas. Seu ciclo menstrual trazia de carona uma TPM de chorar, cólicas e hemorragias. "Além de um aumento do volume do útero que a incapacitava para a concepção. Atribuía aos seus ciclos perturbadores a responsabilidade de ter se mantido solteira. A suspensão da menstruação e a redução do volume uterino devolveram a ela, além do bem-estar e da autoestima, a esperança de estabelecer uma união estável", explica ele. Na quarta capa do novo livro, a jornalista e atriz Marília Gabriela deixou o seguinte depoimento sobre o dr. Coutinho: “Suas teorias me permitiram deixar de ser a desequilibrada sofredora de TPM, tornando-me a alegre mulher que não menstrua e a saudável senhora de meu próprio organismo”. Se você ficou tentada a fazer o mesmo, melhor ponderar os dois lados da moeda para se decidir.

Sangramento inútil?

Vários estudos mostram que perto da metade das mulheres gostaria de nunca mais ouvir falar em menstruação, como fizeram Annete e Marília. E, na visão do dr. Coutinho, não há razão para sangrar todo mês se você não pretende engravidar no curto prazo. “A pílula anticoncepcional que exige intervalo foi idealizada por John Rocks, um professor católico praticante que confiava na possibilidade de o método ser aceito pela Igreja se fosse semelhante ao ciclo menstrual. Isso não aconteceu e até hoje a mulher continua respeitando o tempo de pausa, ou seja, ovulando e abortando os ovos não fertilizados. Segundo o ginecologista e obstetra paulista Alfonso Araújo Massaguer, especializado em reprodução humana, uma série de doenças tem como sintoma o sangramento irregular ou a sua ausência: "A menstruação normal é um sinal de que útero, ovários, hormônios e glândulas estão saudáveis", diz. "Para interromper o ciclo, são administrados hormônios que comprometem o equilíbrio normal do organismo - é uma agressão à fisiologia e à natureza", faz coro o professor-doutor em ginecologia Cláudio Basbaum, de São Paulo.
A maior parte dos especialistas indica tal suspensão apenas a quem apresenta alguma doença ginecológica (endometriose e miomatose, por exemplo) ou TPM forte, porque há efeitos colaterais. Por exemplo, em alguns casos são receitados implantes de testosterona. "Eles deixam o endométrio na espessura de uma folha de papel e têm implicações semelhantes às dos anabolizantes", opina Rosa Maria Neme, doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP. Além disso, o estrógeno que está presente nos anticoncepcionais comuns faz falta a longo prazo, pois ele é responsável por controlar o nível de colesterol e por reter o cálcio dentro dos ossos. Vale lembrar: nenhum dos medicamentos para cessar a menstruação é cem por cento eficaz. "Perdas sanguíneas irregulares e imprevisíveis são comuns em cerca de metade das vezes, principalmente nos primeiros 12 meses de uso", comenta o dr. Basbaum.
Outro ponto a ser considerado antes de bater o martelo é a sua vontade de engravidar. Afinal, alguns métodos chegam a durar cinco anos. "Verdade que a mulher tem a opção de suspender a pílula, retirar o DIU ou outra forma de tratamento em qualquer tempo, mas pode demorar até um ano para a espessura do endométrio e a ovulação se normalizarem", acrescenta a dra. Rosa Maria.

Short branco e biquínis liberados

Seu desejo é apenas curtir o verão livre do dilúvio vermelho e sem pensar na TPM? Então, não é obrigatório lançar mão dos métodos que suspendem a menstruação por meses a fio. "Basta emendar uma cartela da pílula na outra", explica a dra. Rosa Maria. Agora, nada de emprestar a da amiga - é necessário realizar uma série de exames para determinar o método ideal para você. Ela aconselha ainda não fazer isso por mais de quatro meses. Embora já seja possível pensar em usar a pílula por um ano inteiro, sem interrupção.
Em julho de 2007, o FDA (agência americana que controla o setor de alimentos e remédios) aprovou a venda do primeiro anticoncepcional que não necessita de intervalos. A embalagem de Lybrel vem com 28 comprimidos, que contêm baixas doses dos hormônios progesterona e estrógeno e devem ser tomados diariamente, sempre no mesmo horário. O laboratório fabricante, Wyeth Pharmaceuticals, explica que escapes (ou sangramentos irregulares) são comuns no início, mas que costumam diminuir com o tempo. Os efeitos colaterais são os mesmos das pílulas comuns, como dor de cabeça, retenção de líquido e enjôo. A novidade, ainda sem data para desembarcar por aqui, é contra-indicada para mulheres com câncer de mama, de útero e de ovários, histórico de câncer de mama ou de doenças cardíacas, além de gestantes ou com suspeita de gravidez.
Como você vê, é perfeitamente possível passar as próximas férias sem manchar de vermelho o biquíni, a minissaia ou o short branco. Mas, sem conversar com seu ginecologista, qualquer decisão pode ser precipitada.

Para sair do vermelho

Quem opta por suspender a menstruação pode recorrer a:
Implante subcutâneo
É necessário receber anestesia local. Faz-se um furinho no braço a fim de inseri-lo entre o bíceps e o tríceps. Sua ação dura de três a cinco anos.
Pílula anticoncepcional de uso contínuo
Você toma os comprimidos diariamente, sem intervalo. E pode parar a qualquer momento, enquanto outros métodos exigem remoção.
DIU
Uma vez inserido na cavidade uterina, o método libera ali pequenas doses de hormônio. Dura cerca de cinco anos.
Injeção trimestral
Administrada a cada três meses. Um dos inconvenientes é a alta dosagem de progesterona, o que torna recorrentes efeitos colaterais como queda de cabelo, ganho de peso e oleosidade da pele.
Sem TPM nem vexame
Se você não quer interromper a menstruação e até já colocou os absorventes na mala, estas sugestões podem ajudar a minimizar o incômodo:
Economizar no açúcar e no sal para diminuir a retenção de líquido.
Consumir alimentos ricos em zinco, como vegetais verde-escuros e cálcio.
Exercitar o corpo para reduzir o desconforto causado pela TPM.
Evitar café e refrigerantes, pois a cafeína otimiza os incômodos do período.
Usar o short branco no início ou finzinho do ciclo, quando o fluxo é menor.
Apostar na dobradinha biquíni de cor escura e absorvente interno.
Evitar substâncias tóxicas para o fígado, como bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos, que interferem na produção de neurotransmissores e alteram o humor.
Optar por vegetais e frutas com ação diurética, como melancia, alcachofra, salsão e suco de limão.
Tomar suco de maracujá ou chá de camomila.
Preferir a versão amarga do chocolate, que contribui para equilibrar os níveis de magnésio, mineral que estimula a produção de serotonina.
Incluir soja e linhaça no prato, que aliviam a TPM.
Fazer sexo - o orgasmo ajuda a reduzir a tensão, a irritação e as cólicas.

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